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quinta-feira, 25 de julho de 2013

O RAPAZ DE MVEZO


A Nelson Mandela


Ventos loucos, ventos terríveis
fustigam savanas e cidades.
São furacões de intolerância
e espalham dor, ódios, injustiças.
Homens de extrema, os donos dos ventos,
subjugam outros homens.

Um rapaz ignorado, simples, decidido,
vem de Mvezo, aldeia sem paisagem,
, onde sopram ventos loucos, ventos terríveis.
Na mala, com a raiva dentro, a esperança floresce
pura, luminosa como a fonte do sol.

Na poeira do caminho, ele vai ,
segue curvado sob o peso de uma quimera.
Sonha com igualdade, justiça e
enfrenta os ventos loucos, os ventos terríveis.
Estuda leis para se defender do mal,
para ajudar os oprimidos, como ele.
A luta é desigual e enumeram-se torturas
e violências sempre impunes
Vozes brancas calam-lhe a raiva negra, à força,
vinte e sete anos de silêncio criam-lhe o mito.
Mas o rapaz de Mvezo, resiste.

Na solidão da sua cela, raízes de humanidade
brotam espontâneas do seu coração.
E crescem e espalham-se pelas savanas e cidades
Alcançam o espírito de todos os homens
E florescem rosas nos verdes prados da utopia.
No céu de África, desenrola-se um arco-íris
É a mensagem do fim da ignomínia
e os homens são, finalmente, iguais.
O rapaz de Mvezo venceu e sorri, humildemente,
No seu rosto, espelha-se o perdão e o amor.
E o mundo, agradecido, grita o seu nome,
Mandela! Madiba!. 



Reinaldo Ribeiro - 16/06/2013

5 comentários:

augusto disse...

Meu querido amigo
É uma boa ideia ter um blog, pelo menos temos onde escrever o que pensamos, divulgar o que acreditamos. A publicação do poema, para abertura, foi uma ótima ideia. A escolha o mais acertado possível. Madiba! um dos meus três heróis. Durante alguns anos também tive um blog chamado Klepsidra. Coloca a palavra no Google, é o primeiro site que aparece. Quando deixei de publicar, já tinha 130.000 visitas
Abraço
Augusto

Associação Cultural Vale de Santarém-Identidade e Memória disse...

É estranho, mas durante décadas, este homem, Mandela, foi um desconhecido para mim, como para muitos milhões de portugueses. Irrompeu, de súbito, nem eu sei quando, mas foi certamente no tempo em que aqui, no nosso país, se saiu de uma época negra da nossa história para um novo tempo, de liberdades e de esperança, que no entanto encara agora um profundo confronto com esta crise enorme em que nos mergulharam e nós nos deixámos enredar.
Mandela. Para ele todas as palavras de respeito, de silêncio profundo, de admiração perante a dimensão humana e de lutador consciente, convicto, de natureza superior... todos os poemas que emoldurem os seus caminhos em busca da utopia...
Parabéns pelo blog e pela tão ajustada escolha para o ponto de partida!
Abraço Amigo,
Manuel Sá.

Rui Ribeiro disse...

Meu grande camarada e pai,
Alegro-me de que hajas enveredado pelos caminhos virtuais e de grande difusão. Desejo-te o maior sucesso com o teu blog e espero que muitos tenham a sorte de ler os teus textos. Este texto sobre Mandela merece a minha humilde aprovação e agradecimento, já que a atitude do homem que descreves, diante de acontecimentos de uma injustiça atroz e generalizada, foi de uma sobriedade difícil de igualar por outros meros mortais. Ensina-nos que os homens podem ser diferentes, que nós mesmos podemos ser diferentes, e que cedo ou tarde o bem sempre nos é devolvido de alguma forma. Se simplesmente ao ler este texto podemos assimilar no nosso ser um mero esboço do pensamento de Mandela, talvez tenhamos dado um passo gigantesco para modificar o mundo.
Um abraço grande do filho,
Rui
P.D. Espero que me perdoes os erros de portugués.

Anónimo disse...

Então, meu caro, quando nos brindas com outra publicação?
Os blogs querem-se ativos e vivos. Abraço
Augusto

Graza disse...

Bem vindo Reinaldo, finalmente! Já o deverias ter feito, mas ainda é tempo. Não sei qual será o futuro da bloga, com tanta rede social com que dividir o tempo, mas terá sempre um bloco de utilizadores mais afetos a este tipo de comunicação do que a outras mais invasivas.
Força nessas teclas! Um abraço.